sexta-feira, 14 de outubro de 2011

À Mestra Lucifátima

Como lembrança uma rosa.
A 5ª série é um momento de transição roubado, porque saimos da fase da manhã inteira com a "tia", para encarar a cada 45minutos, um professor diferente. E eu tinha um caderno para cada disciplina (mania de organização). Lembro que o primeiro livro que eu realmente gostei foi o livro de Português. Muito mais pelos poemas do que pelos exercícios. E dessa fase escolar, a professora que mais marcou foi a professora de Pôrtuguês, Lucifátima. Uma nordestina forte.
Quando retomo a minha trajetória de leitora, lembro dela. E quando penso nas minhas estratégias em sala de aula, tenho muito dela também. A cada bimestre, ela presenteava o aluno que tinha tirado a melhor nota, com um livro. Esse ano, eu ganhei 2 livros e 1 relicário.

Lucifátima era rigorosa na escrita e na leitura, e na gramática, que confundia a gente. Hoje consigo perceber que tivemos uma educação boa, numa escola pública da zona leste de Manaus, nesse período. Muito pelo esforço do professor (algumas coisas parecem que não mudam). E eu lembro que foi nessa fase que eu comecei a querer ler todos os livros do mundo. Na 5ª e 6ª série, tínhamos uma espécie de "clubinho da leitura", onde os colegas que gostavam de ler, trocavam livros. Não tínhamos dinheiro para comprar muitos livros então, quem comprava emprestava para outra pessoa e assim, líamos muito. Eu já trabalhava e conseguia comprar um livro por mês. Na época, li vários da série Vaga-Lume. Porque o primeiro livro que ganhei da professora Lucifátima, no 2º bimestre da 5ª série, foi Tonico e Carniça, de José Rezende Filho. Contava a história de dois amigos. Foi o primeiro livro que li inteiro. Era da Série Vaga-Lume. Depois, fui buscando os outros... Marcos Rey, Luiz Puntel, foram meus autores preferidos nessa fase. E foi a fase em que comecei a escrever versos.

O primeiro poema que fiz foi para a professora Lucifátima e tinha 17 estrofes. Não lembro de nenhuma, não fiquei com o poema. Entreguei a ela numa folha de papel almaço com alguns desenhos de flores. O segundo livro que ganhei, no 3º bimestre foi O Guarda-Noturno, ainda guardo esse livro comigo, com a assinatura da professora: "Carinhosamente, Lucifátima." Foi daí que copiei o "carinhosamente" que uso para tudo o que escrevo aos meus amigos. No 4º bimestre, ganhei um relicário. Que fantástico isso! No último bimestre, final do ano, férias... e ela não me deu um livro... me deu um relicário, para escrever. Eu comecei a escrever e não parei mais.

No ano seguinte, a professora Lucifátima não estava mais na escola, havia voltado para a sua cidade (que eu nunca soube qual era). Como lembrança dela, ficou o livro O Guarda-Noturno, porque Tonico e Carniça eu emprestei e não sei onde foi parar. O relicário, eu o perdi no meio das minhas mudanças. Mas algo que nunca perdi foi a vontade de ler e escrever. Espero que a professora Lucifátima tenha tido mais sucesso nos caminhos outros que escolheu. Quanto a mim, se é sucesso o que tenho, ela faz parte dessa conquista.

Se ela pudesse ler esse texto, eu terminaria dizendo:

Se os verbos me confundiam e a gramática era um desafio, a leitura foi me ajudando a compreender esse universo da escrita. Não sei quantos da turma se tornaram leitores. Mas a partir do livro que ela me pôs nas mãos eu, de tanto ler, me tornei professora!

Carinhosamente,

Evany

sábado, 13 de novembro de 2010

Ao Mestre Anderson Mattos

"Siga a estrada de tijolos amarelos."
O ícone de Anderson Mattos
Anderson Mattos é uma dessas pessoas que constrói uma estrada de tijolos amarelos por onde passa. Seja com um grupo espírita, com educadores indígenas, educadores à distância mediados por uma televisão... seja com educadores mirins num bairro segregado da zona leste de Manaus. Anderson Mattos chega e mostra que é possível sonhar e realizar! A criatividade parece que flui dos seus poros como se fosse mágica. Mas, não é. Anderson pesquisa, trabalha de sol a sol, de chuva a chuva. Cria... recria... inventa e se reinventa sempre.

Tive o prazer de conhecê-lo em 2003 e de trabalhar com ele em projetos pedagógicos e produções musicais. A partir daí, não parei de me surpreender com seu potencial criativo e suas ideias mirabolantes que conquistam sempre. Um pedagogo como ainda não conheci outro. Porque sua formação acadêmica não resume sua prática profissional. Anderson tem mil habilidades: escreve roteiros, cria figurinos e cenários, dirige, atua... produz trabalhos artesanais, vídeos, forma outros educadores... coordena projetos... É um profissional super ultra mega multidisciplinar! De uma visão crítica aguçada e de uma sensibilidade ímpar, Anderson é uma criatura fantástica!

Estar com ele, seja para uma conversa ou para a realização de um projeto, significa se surpreender e aprender. Não porque somos românticos ou idealistas mas, porque olhar para o mundo, vê-lo problemático e perceber possibilidades de mudança, é o que move um educador.

Que muitas estradas de tijolos amarelos sejam construídas pelos caminhos desse mestre. Quisera ter a poesia em palavras como saltam quando ele escreve, e poderia dizer mais da minha admiração e gratidão.

Obrigada, Anderson Mattos, pelas lições de sensibilidade e humanidade!
Você é o nosso "Mágico de Oz!"

Evany Nascimento



Ao Mestre Elias Farias

Mestre Elias
Conheci o professor Elias Farias no primeiro dia de aula da graduação em Licenciatura Plena em Educação Artística, na Universidade Federal do Amazonas, em 1995. Depois de 3 vestibulares eu finalmente conseguia ingressar num curso superior. Elias fez a recepção da turma nova e aumentou meu encanto pelo curso. Ser arte-educadora passou a ser a minha maior meta. E assim se passaram 3 anos e meio. Em meio a conflitos, aparecia o pacificador Elias Farias. "Seu jeito simples de conversar tocava o coração de quem o escutava". Não sei se realmente tocava a todos mas, ele conseguia amenizar todas as situações e me deixava querendo aprender esse segredo, ter esse poder de mediar com arte. O sorriso acolhedor, as palavras de motivação, sempre estiveram presentes no repertório deste mestre que sigo admirando. Educar com arte e mostrar que é possível ter conteúdo sem ser pesado, ele conseguia. Despertar o desejo de ir buscar, e não pressionar pelos resultados mas, acompanhando o processo... uma de suas bandeiras. Como diz o próprio Elias "é preciso cantoria todos os dias". É preciso ter pessoas com alma cantante e vibrante, para nos mostrar que vale a pena ser arte-educador. E que nós podemos sim, fazer a diferença.

Obrigada, mestre Elias Farias, por essa grande lição!
Obrigada, por esse brilho no olhar...

Evany Nascimento

Ao Mestre Alexandre Oliveira

Dr. Alexandre
Eu já estava encerrando a graduação em Educação Artística, e não sabia que caminho tomar depois disso. Não sabia o que eu ia fazer na sala de aula como professora de artes, com música. Foi nesse momento de crise, que o professor Alexandre Oliveira entrou na minha vida. A disciplina de Prática de Ensino em Música, mudou a forma como eu encarei minha profissão daquele momento em diante. Foi o magnetismo do professor, sua paixão pela música, sua metodologia dinâmica que me fez descobrir os caminhos da educação musical. E recuperar o encanto do aluno pelo curso na reta final não é tarefa fácil. Continuei apaixonada pela história da arte mas, nas escolas por onde passei, sempre trabalhei com musicalização. E as dinâmicas e jogos de educação musical sempre me acompanharam como possibilidade metodológica na minha prática em sala de aula, da educação infantil ao ensino superior.

Daí em diante, passamos a fazer parte do mesmo grupo de amigos e ainda fomos colegas em uma disciplina no mestrado. De aluna à colega de classe, isso é mesmo muito mágico. E eu continuava aprendendo com o mestre. Quando fui convidada à substituí-lo em um curso de Design, como professora de história da arte, foi excepcional! Minha carreira como professora de ensino superior, começava mesmo a partir dessa indicação.

E o próximo encontro aconteceu no programa de pós-graduação em Design da PUC-RJ (Doutorado). O professor Alexandre foi o meu maior incentivador nessa escalada. Ele foi abrindo caminhos e eu fui seguindo, seguindo o grande mestre. Ele me mostrou que era possível... e eu consegui!

Hoje, continuamos amigos, parceiros de ideias e projetos. E o mestre Alexandre, continua a ser uma referência para a minha vida profissional e acadêmica. É o tipo de pessoa que a gente diz sem medo: Quero ser assim quando crescer!

Admiro o seu dinamismo, a responsabilidade e competência com que trabalha. A força que tem quando quer algo. Mestre Alexandre está fazendo escola. É parte de uma geração que conquistou com 
muito esforço cada espaço que ocupa. Que ele continue a ser esse ser luminoso e continue contagiando com sua força e seu conhecimento outras pessoas.

É isso aí, Dr. Alexandre Oliveira!
De Salvador para o mundo.
Cumpra seu destino de ser ponte... e de ser feliz!


Evany Nascimento